quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CONSTRUINDO MEU TEMPLO

Às escuras muitas coisas aconteceram, filmes, imagens, passaram por minha mente, senti diversas sensações, experimentei inúmeras emoções e percebi que havia chegado a um momento ímpar em minha vida. Não seria mais o mesmo. Trazia muita coisa boa em mim, e, claro, disto não iria me desfazer, mas era imperativo: eu tinha uma nova missão dali em diante.

Para sair da escuridão, pedi a luz e esta me foi dada.

Vi então que estava num templo e que havia me tornado maçom, ou seja, um pedreiro. Sendo assim, não tive dúvidas sobre a minha missão: construir um templo – O MEU TEMPLO.

A inquietude tomou conta do meu ser, será que meu templo teria que ser exatamente igual aquele?

Será que todos ali estavam construindo templos iguais? Seria este o grande segredo maçônico? Será que receberia uma cartilha ou um tratado que me fizesse saber tudo de uma vez?

Antes que pudesse aprofundar minhas análises, vieram as primeiras lições e com elas uma resposta importante.

O conhecimento e a evolução ocorrem passo a passo, degrau por degrau, assim como, de maneira óbvia, a construção de um templo se dá pedra por pedra. Além disto, nenhum templo é igual a outro, cada um tem características próprias e o meu não fugiria a esta regra.

Resolvi fazê-lo exatamente desta forma, até porque, as ferramentas estavam à minha disposição e eu estava rodeado por aqueles que fariam questão de me ajudar: meus irmãos.

Observando o templo onde me encontrava, tive o primeiro contato com alguns símbolos que não faltariam no meu. Discorro aqui sobre alguns deles.

No ocidente, à entrada do templo, duas colunas representando o aspecto dual de toda nossa existência no mundo objetivo. Nossa felicidade, paz e progresso efetivo baseiam-se em nossa capacidade de manter em cada momento um justo e perfeito equilíbrio entre estas tendências opostas, recebendo o melhor de cada uma delas: o ardor reflexivo, a paciência iluminada, o entusiasmo perseverante, a serenidade inalterável, o esforço vigilante e a firmeza incansável.

Estas colunas marcam a passagem dos trópicos de Câncer, no Sul e de Capricórnio, no Norte. Entre elas passa a Linha do Equador que vai até o Delta no Or.’..

O Delta Luminoso, um triângulo eqüilátero que se encontra no Or.’. representa perfeição, harmonia e sabedoria, portanto o Divino Celestial. O olho que se encontra em seu centro, é símbolo da consciência do ser, que é o primeiro e fundamental atributo da realidade.

O Livro da Lei, Grande Luz da Loja, representa o Código Moral, outorgado aos homens pela inspiração do S.’.A.’.D.’.U, através do qual os homens se reconhecem como Irmãos e consideram que desta forma devem tratar-se oferecendo seu amor à humanidade. Sobre ele é feito o Juramento do iniciando e em todas as reuniões, rogamos a proteção do S.’.A.’.D.’.U.’..

O Pavimento Mosaico , ou quadriculado, de origem sumeriana, em ladrilhos brancos e negros, que se estendem desde a base das colunas em direção ao Oriente, em forma de quadrilongo, ocupando o centro do Templo, representa os pares de opostos, o eterno conflito, o bem e o mal, a beleza e a feiúra, a vida e a morte, a verdade e o erro, a virtude e o vício. Nas inúmeras religiões, Brahma o criador e Shiva o destruidor, Ormuz o Princípio da Luz e Arimán o Princípio das Trevas, Zéus e Cronos ou Júpiter e Saturno, Jehova e Satã, Osiris e Tifón entre os egípcios, Baal e Moloc entre os fenícios. O reconhecimento destas realidades nos faz superar o ponto de vista da luta e do conflito, e situa-nos no ponto central da Harmonia. Sobre ele o iniciado que

tenha provado da Taça da Amargura deve marchar com ânimo sereno e

igual, sem deixar-se exaltar pelas condições favoráveis nem reprimir-se

pelas aparências desfavoráveis.

A Corda de 81 Nós também é um ornamento encontrado em alguns Ritos; formada por um nó central sobre o Altar, 40 nós que se estendem pelo Sul e 40 nós que se estendem pelo Norte, terminando em duas borlas (representando justiça e prudência) que ladeiam a porta de entrada, formando, portanto uma abertura, ela significa que a Ordem Maçônica é dinâmica e evolutiva, estando sempre aberta a novas idéias, que possam contribuir para a evolução do homem e para o progresso racional da humanidade. Significa também que a Maçonaria está sempre aberta a receber novos membros, profanos que desejem receber a luz Maçônica.

A corda poderá ser natural ou esculpida e ter os nós eqüidistantes entre si. Estes são em número de 81 que é o quadrado de nove, que por conseguinte é o quadrado de três, número de alto valor místico para as antigas civilizações, como nas três negações de Pedro a Cristo e nas três virtudes teologais: a fé, a esperança e o amor.

O Esquadro e o Compasso, unem-se afirmando a aspiração do maçom em agir sempre com justiça e retidão.

O esquadro é, pois, símbolo da crucificação da qual deve libertar-se o homem retificando e dirigindo para o centro todos seus esforços.

O compasso é símbolo da harmonia. Por intermédio de seu ângulo de 60 graus, no qual está ordinariamente disposto (o ângulo do triângulo equilátero), mostra o ternário superior que deve dominar o quaternário inferior, ou seja, o perfeito domínio do Céu sobre a Terra.

No teto do Templo, decoração estelar, hábito no antigo Egito, exemplificado pelo magnífico templo de Luxor. O teto representa um céu estrelado, imagem do Infinito e de sua manifestação ativa nos infinitos pontos ou centros luminosos, que expressam de dentro para fora a Luz Latente do Princípio Supremo. As estrelas representam as Idéias Divinas, que manifestam o mundo da Realidade e da Verdade, as idéias salvadoras que revelam o Plano do G.’. A.’. e guiam em harmonia com ele, nossos pensamentos e ações, os ideais que nos inspiram e nos orientam em todas as etapas de nossa existência.

Pacientemente, irei construindo MEU TEMPLO, e, outros símbolos o embelezarão ao longo do tempo, porém, sempre poderei melhorá-lo fazendo com que apresente mais Sabedoria, mais Força e mais Beleza.

Não será tarefa fácil. Não será tarefa árdua, posto que há felicidade embutida em cada pedra colocada e cada degrau alcançado. Além do mais, como já mencionei anteriormente, nunca estarei trabalhando sozinho, tenho irmãos a trabalhar de braços dados comigo. Portanto, como dizia uma velha música:

“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”.

Que o G.’.A.’.D.’.U.’. nos ilumine.

Ir.´. Charles Bastos

AP.´. M.´.


Fontes:

  1. Manual do Grau de Aprendiz-Maçom – Rito Brasileiro
  2. Manual do Aprendiz Maçom – Introdução ao estudo da Ordem e da Doutrina Maçônica - Eduardo Freitas
  3. O Templo Maçônico – Valdemar Sansão (GLESP)



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