sábado, 24 de outubro de 2009

Palavra do Grão-Mestre Geral

O caráter iniciático da Maçonaria está expresso no artigo 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil, ao lado de outras características que delineiam o retrato da Sublime Ordem em traços inconfundíveis.

Grande parte do mistério maçônico, essa enorme força de atração que exercemos sobre o homem profano mais iluminado intimamente, provêm juntamente da alta qualificação atribuída a essa característica especial da Iniciação.

É evidente que não se trata de um segredo, mas há um terreno de difusa compreensão, quando ao definir-se o termo ultrapassa-se o enunciado preliminar que manda “caminhar para dentro”.

A noção do fato iniciático encerra um tanto de espiritualidade, outro termo que figura em rituais e que exige especial atenção e proficiência para entendê-lo corretamente.

A redação dos rituais não aborda o assunto; antes, delega sempre ao estudioso o entendimento da expressão. É o estilo de aprendizagem a que se submete o maçom em seus esforçados estudos à procura interminável da verdade.

Ambos os termos são muitas vezes evitados, mas a presença de ambos é coisa recorrente, à espera de conceitos maçônicos claramente definidos. E mais ainda quando se trata de maçonaria simbólica, que, aliás, como se sabe, é a única base de reconhecimento dos maçons do Grande Oriente do Brasil perante a Maçonaria mundial.

23.10.2009

Marcos José da Silva

Grão-Mestre Geral

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A TROLHA

Trolha, do Latim Trullia: colher pequena, conhecida com colher de pedreiro, instrumento de trabalho de formato triangular, essencialmente construtivo, com empunhadura pelo centro; utilizada sua parte superior como condutora da argamassa ou alimento que estrutura, forma e sustenta e o tempo material e espiritual = o pão nosso de cada dia. A argamassa simboliza a compreensão, tolerância, vontade, dedicação, perseverança, conhecimento e perdão que unem e trazem harmonia a todas as pedras, tijolos ou maçons, mantendo a individualidade ou consciência de cada um exatamente como foram arquitetados, vistos que a trolha é jóia do cargo de arquiteto – o encarregado da montagem do tempo.
A parte inferior da trolha, uma vez aplicada a argamassa, é utilizada para aplainar, desempolar a alisar, corrigindo imperfeições e formando um só todo harmônico, justo e perfeito. É símbolo do perdão: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a que nos tem ofendido” – Mateus VI:12. “Não julgueis, para não sejais julgados”-Mateus VII. “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas”.
Mateus VII:12. Nesta declaração observamos um reconhecimento da lei da causa e do efeito, pois que, como diz o ditado: “A semeadura é livre, porém a colheita é abrigatória”.
Errar é humano, divino é consertar o erro. Corrigir as ofensas, perdoando os ofensores, como os médicos que tratam a doença sem se zangarem com o doente. Não é que perdoar seja Divino, porém corrigir o é, e aqui entendemos a aplicação das partes laterais da trolha. Muito mais nobre e Divino que perdoar é recuperar o pecado ou infrator. Tratando os males dos outros curamos os nossos próprios.
Passar a trolha é esquecer as ofensas, as injúrias e as injustiças ou mais do que isso, aplainar as diferenças com a argamassa Divina. Utilizamos a ponta da trolha para esculpir, modelar ou detalhar a construção do templo, “Há coisa que ainda não são verdadeiras, que, talvez, não tenham o direito de ser verdadeiras, mas que o poderão ser amanhã” - Carl G. Jung.
Portanto, ou vivemos como Companheiros, ou como companheiros morreremos; a morte do velho homem propicia o nascimento do regenerado Homem Novo, que se torna digno de contemplar a luz resplandecente da verdade, voltar e adentrar ao “Oriente”, pois juntos permaneceremos nestas nossa escalada evolutiva rumo a perfeição ou ao aperfeiçoamento de nosso templo Divino e, já que fomos concebidos e criados pelo G.’.A.’.D.’.U à sua imagem e semelhança, estamos permanentemente em movimento, eis que somos eternos e vivos.
Interpretamos que montanhas, morros, picos, ou seja, as partes mais altas e perfeitas da natureza simbolizam estados alterados da consciência, provocando a elevação da consciência e a sua iluminação plena, pois que suposto é a aproximação com o Divino. No presente caso, temos que a trolha é símbolo da atividade constante de todo Maçom na aplicação dos preceitos Divinos de todas as religiões, expressos nos livros das Leis: “Não fazer ao próximo o que não quiseres que a ti seja feito” e “Amar o próximo como a ti mesmo”.
O símbolo é criado para ser estudado, analisado, comportando diversas interpretações. Assim, assume-se que um símbolo com apenas uma única interpretação não será um verdadeiro símbolo. Quando analisamos ou interpretamos um símbolo, o fizermos de modo muito pessoal e cada Maçom deve buscar a verdade por estudos e investigações próprias. Como diz Aslan: “É firmando um pé na Tradição e outro na Ciência, que o mantém na senda do progresso, consegue o Maçom o equilíbrio perfeito”.
O símbolo é, talvez, a ciência mais antiga que se conhece e também base de instrução adotada nos tempos primitivos, e, se relembrarmos, a primeira instrução de aprendiz baseia-se nos nossos principais símbolos: a pedra bruta e o cinzel. Nossa Ordem é muito rica e sábia no uso de símbolo e da simbologia para instruir seus Obreiros e, assim, incentivá-los a estudar e pesquisar cada vez mais.
Em cima desta ampla busca de conhecimento, diante da rica simbologia iniciática da nobre Maçonaria, foi de onde partimos para este breve e simples estudo apresentado. Trazemos à tona um de nosso símbolo, que muitos utilizam como identificação, mas talvez alguns não saibam seu real significado. Este símbolo é a “TROLHA”, símbolo dos nossos irmãos M.’. M.’..

Poema do Trolhamento

Sois membro de uma irmandade?
Como tal, eu tenho sido.
Com toda sinceridade,
Amado e reconhecido.
Dondes vindes afinal?
Meu lar tem nome de um Santo,
Do justo é casa ideal
E perfeito o meu recanto.
Que trazeis meu caro amigo?
A mais perfeita amizade,
Aos que se encontram comigo,
Trago paz, prosperidade.
Trazeis, também algo mais?
Do dono da minha casa,
Três abraços fraternais
Calorosos como brasa.
Que se faz em vossa terra?
Para o bem, templo colosso
Para o mal, nós temos guerra;
Para o vício, calabouço.
Que vindes então fazer?
Sendo pedra embrutecida,
Venho estudar, aprender,
Progredir, mudar de vida.
Que quereis de nós, varão?
Um lugar neste recinto,
pois trago no coração,
O amor que por vós sinto.
Sentai-vos querido irmão,
Nesta augusta casa nossa
E sabeis que esta mansão
Também é morada vossa.
Poema de autoria de Saly Mamede.

Bibliografia:
1. SITE INTERNET: http://www.maconaria.net
2. MOULIN, Milton.”Dicionário de Maçonaria”, São Paulo, GOB, 197p.
3. BOUCHER, Jules.”A Simbólica Maçonaria”, São Paulo, Ed. Pensamento, 400p.
Julius Lopes - AP.´.