quinta-feira, 18 de novembro de 2010

AS ROSAS




A rosa é parte distinta em vários Rituais maçônicos. A Maçonaria tem singular fascínio pelas flores, particularmente pelas rosas. A rosa é tão meiga, é tão linda, é de odor tão suave que os poetas tem dedicado trovas, sonetos, odes à sua delicadeza e a seu esplendor.

Almeida Garrett exclamava. - "Rosa, rosa de amor purpúrea e bela. Quem entre os goivos te esfolhou da campa"!

O suave Casimiro de Abreu a cantou delicadamente:

 
"Como ostentas sedução!
Ó como és linda e formosa,
Como és bela e caprichosa,
Minha florinha mimosa
Em tão virginal botão!

O teu perfume tão brando
Os ares embalsamando,
Como falas ao coração!
O como falas de amor,
Mimosa, purpúrea flor!"


As citações seriam infinitas se este fosse o lugar adequado.

Mas em Maçonaria a rosa, mesmo sendo "rainha dum dia", como queria Casimiro, é um símbolo de várias interpretações. E dizem que o símbolo para sê-lo, tem que possuir diversas interpretações. Por que pousa aquela rosa vermelha na intersecção dos braços da Cruz dos Rosa-Cruzes? Seria por acaso? Por simples ornato? Não. Reghelini, segundo N. Aslan, diz que ela, colocada nessa posição, é o símbolo do segredo da imortalidade. Autores outros afirmam que a rosa era a flor da predileção de Venus, a deusa do Amor. Tal fato tornou-a o símbolo do Amor, da Ternura da mulher e da esposa, símbolo do segredo, da nobreza do coração. A Cruz é o símbolo do sacrifício, da imortalidade, da justiça, da luz.

Neste Grau "a flor Rosa possui a tripla conotação de Amor, Segredo e Fragrância. A Rosa "colocada na intercessão dos dois braços da cruz, a rasa é um dos mais grandiosos emblemas do "Mistério da Iniciação".

Na antiga Jericó, cidade situada a 272 metros abaixo do nível do Mediterrâneo, vicejavam estranhas rosas, famosas por sua beleza. Como ficou dito, ao tempo em que se abriam completamente na umidade, fechavam-se totalmente com a seca. E por mais secas e fechadas que estivessem, bastava-lhes um pouco d’água cristalina da fonte "Ain es-Sultan", outrora amarga, mas saneada por Eliseu, "um dos dois grandes profetas do período mais antigo da história dos israelitas", para tornarem ao esplendor anterior.

Simboliza também a Inocência, a Discrição, a Virtude, a Beleza, a Graça, a Vida a Alegria e a Dor. É o emblema da Virgindade, da Inocência. OS romanos a adoravam. Em seus históricos banquetes enfeitavam-se com rosas porque criam que elas tinham o poder de mantê-los alegres, porém lúcidos, por mais que bebessem.

No início era branca. Depois, segundo uns, ficou vermelha porque fora manchada pelo sangue de Adônis, ferido por Marte, que enlouquecia de ciúme pelo fato de Venus, sua amante, preferir os amores do belo jovem. Outros dizem que mudou de cor quando caiu sobre ela o sangue de Venus ferida por um espinho.

A rosa é venerada por deuses e heróis e sociedades secretas desde a idade mais longínqua. Era consagrada a deusa Isis nos antigos Mistérios Egípcios. Simbolizava a iniciação conquistada pela constância e sofrimento. Os gregos, a consagraram a Venus. Sua história é de tal modo secreta que somente poucos iniciados conseguem entender a profundeza de seu sentido. Também não se sabe a origem do adágio que diz que descobrir a taça de uma rosa é descobrir um segredo. Ela é "o símbolo do segredo guardado, pois ela é uma das raras flores que se fecham sobre o seu coração. Quando abre a sua corola, está na hora da morte".

Antigamente, quando pessoas se reuniam em torno de uma mesa para uma conversa que não podia ser revelada, colocavam sobre ela um vaso com rosas. Outros penduravam-nas por cima da mesa e seria desonra revelar o que ali se conversava. Era a palestra SUB ROSA sob a rosa. Se não houvesse inconveniência em sua revelação, eram cobertas com um véu. Antes de se desfazer a reunião, descobriam-nas. Isso significava a obrigação do silencio. A rosa tem grande significação esotérica para os maçons, rosa-cruzes, templários, pitagóricos, alto clero-cristão, etc. Onde está a rosa, reinam o segredo e o silencio. Alec Mellor diz que a rosa além de símbolo do amor, "foi também, por causa da discrição do seu perfume maravilhoso, o do segredo. Donde a expressão maçônica antiga SUB ROSA para significar o que em termos modernos menos poéticos seria exprimido por SOB MALHETE. Donde também, e, sobretudo, o símbolo da "Rosa hermética sobre a Cruz do Sofrimento".

"A benção das chaves da confissão de S. Pedro" foi instituída no ano 715, e entregue a privilegiados estabelecimentos religiosos. O rito da rosa de ouro ou rosa dos papas, sem dúvida, se originou daí. O papa Leão IX cerca de 1048, determinou que dois mosteiros que retinham as chaves da confissão de S. Pedro, amavelmente lhe dessem, a título de reconhecimento, uma rosa de ouro ou seu valor em dinheiro. "A rosa de ouro era então o símbolo da fragilidade humana. A inalterabilidade do metal era uma imagem da eternidade da alma". Em 1471, Sisto IV criou a flor dos papas confeccionada em ouro fino e "feita de um ramo espinhoso com várias rosas em flor, ornadas de folhagem". A que ficava no alto do ramo era maior, a modo de coração e no centro da carola havia uma taça. Ao benzer a rosa, o papa punha ali perfumes diversos, semelhantes ao cheiro da rosa para "recordar aos iniciados as misteriosas propriedades que estão ligadas à flor". O significado secreto dessa rosa só era conhecido dos iniciados.

"Na Alemanha, ela é denominada a Mão de Maria porque, como a Venus Genitrix e Diana Lúcia, nas crenças populares dos cristãos, ela é segura por uma sábia e caridosa senhoria, cuja mão facilita, nas mulheres em véspera de parto, uma pronta e feliz "délivrance". Não podendo explicar-se o fenômeno deste admirável higrômetro vegetal, faz-se apelo ao milagre e à mão toda poderosa da Santa Virgem, à qual se dá também o nome de ROSA MISTICA".

J. M. Ragon entoa verdadeiro hino à rosa quando diz que "é o emblema maçônico mais gentil, foi sempre a rainha das flores, o perfume dos deuses, a vestidura das graças, as delícias de Cítera e o ornamento da terra. E o símbolo dos mais diversos sentimentos e das coisas mais opostas; com, ela, a piedade decora seus templos, e o amor e as alegrias trançam as suas grinaldas. A dor a desfolha sobre os túmulos: o pudor e a caridade a recebem como o mais glorioso dos prêmios; e enfim, os antigos diziam que era a MAIS FORMOSA DAS PLANTAS. Os sacerdotes de todos os séculos e países fizeram à rosa célebre, a presença da qual nos recorda as idéias mais agradáveis, as mais felizes comparações e os símbolos mais secretos da beleza. A rosa era também o emblema da mulher"

A essa belíssima criação do Supremo Arquiteto do Universo dão inúmeras interpretações. Dizem, por exemplo, que quatro rosas evocam as quatro virtudes cardeais, Força, Justiça, Prudência e Temperança. Outros afirmam que representam o Fogo, a Água, a Terra e o Ar "dos quais se desprenderá a quinta-essência".

Do Livro: A Maçonaria é o Rito Brasileiro, pg. 242 a 245
De: G. Hercule Pinto
Editora Maçonica












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