segunda-feira, 21 de maio de 2012

O R A Ç Ã O D O A M I G O



Gabriel Chalita
           Há muito se diz que, quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro precioso.
           Há muito se diz que, amizade verdadeira dura pra sempre. Não tem aquelas tempestades da paixão nem a calmaria exagerada do descompromisso. É o meio termo. É a bonita sensação do estar perto e, de repente, deixar o silêncio chegar. Não exige tanto, exige tudo.
         As amizades nascem do acaso. Ou de alguma força que faz com que uma simples brincadeira, uma informação, um caderno emprestado, uma dor seja capaz de unir duas pessoas. E a cumplicidade vai ganhando corpo, e o desejo de estar junto vai aumentando, e, com ele, a sensação sempre boa do poder partilhar, de se doar.
         Há muito se diz que, os amigos verdadeiros são aqueles que se fazem presentes nos momentos mais difíceis da vida, naqueles momentos em que a dor parece querer superar o desejo de viver. De fato, os amigos são necessários nesses momentos. Mas, talvez, a amizade maior seja aquela em que o amigo seja capaz de estar ao lado do outro nos momentos de glória, e vibrar com essa glória. Não ter inveja. Não querer destruir o troféu conquistado. Aplaudir e se fazer presente. Ser presente.
        
A amizade não obedece à ordem da proporcionalidade do merecimento. Não há sentido em querer de volta tudo o que com generosidade se distribuiu. A cobrança esmaga o espontâneo da amizade. E a surpresa alimenta o desejo de estar junto. O amigo gosta de surpreender o outro com pequenos gestos. Coisas aqui e ali, que roubam um sorriso, um abraço, um suspiro. E tudo puro, e tudo lindo.
         Há muito tempo se diz que, não é possível viver sozinho. A jornada é penosa, sem amparo, é difícil caminhar. Juntos, os pássaros voam com tranquilidade. Juntas as gaivotas revezam a liderança, para que, nem uma delas se canse demais. Juntos, é possível aos golfinhos comentarem a beleza de um oceano infinito. Juntos, mulheres e homens partilham momentos inesquecíveis de uma natureza que não se cansa de surpreender.
         Eu te peço,  Senhor, nessa singela oração, que me dês a graça de ser fiel aos meus amigos. E impossível seria, que fossem muitos. São poucos, mas são preciosos. Eu te peço, Senhor, que me afastes do mal da inveja que traz consigo outros desvios. A fofoca. A terrível fofoca que humilha, que maltrata, que faz sofrer. Eu te peço, Senhor, que o sucesso do outro me impulsione a construir o meu caminho, e jamais eu tenha a ânsia de querer atrapalhar a subida de meu amigo. Eu te peço, Senhor a graça de ser leal. Que eu saiba ouvir sempre, e saiba, o quando é necessário falar.
         Senhor, sei que a regra de ouro da amizade consiste em não fazer ao outro, aquilo que eu não gostaria que ele me fizesse. E Te peço, que eu seja fiel a essa intenção. E sei que essa regra fará com que, o que se diz há tanto tempo se realize na minha vida. Que eu tenha poucos amigos, mas amigos que permaneçam para sempre. Não poderia ter muitos. Não teria tempo para cuidar de todos. E de amigo a gente cuida. Amigo a gente acolhe. Amigo a gente ama.
         Senhor,   protege os meus amigos. Que, nessa linda jornada, consigamos conviver em harmonia. Que, nesse lindo espetáculo, possamos subir juntos ao palco. Sem protagonistas. Ou melhor, que todos sejam protagonistas, e que todos percebam a importância de estar ali. No palco. Na vida.
         Obrigado Senhor, pelo dom de viver e de conviver. Obrigado Senhor, pelo dom de sentir e de manifestar o meu sentimento. Obrigado  Senhor, pela capacidade de amar, que é abundante e é sem-fim.
          Amém!
 Texto de Gabriel Chalita.






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