Foto: divulgação |
Depois de
aproximadamente 30 anos o sertanejo nordestino volta a sofrer com a seca
implacável. Tragédias e catástrofes não ocorrem apenas por causa das
intempéries do tempo. Na Bahia 215 municípios vivem a maior estiagem de todos
os tempos. Quando se deu recentemente no Sul e Sudeste do país a maior das
cheias, por conta das chuvas excessivas, promoveu-se uma campanha nacional de
solidariedade. Doações foram entregues, verbas do governo federal foram
destinadas a combater a miséria que se abateu sobre aquela população. Hoje, a
população nordestina lamenta a perda de toda a sua produção, convive com a
morte do gado, a falta d´água constante já não permite que a vida siga adiante.
O sertanejo de joelhos clama por piedade. Quando será que os olhos dos governos
e dos brasileiros enxergarão os irmãos do sertão? Existem inclusive pesquisas e
dados que revelam que este é um fenômeno cíclico. Será que não seria possível
agir de forma a combater esse mal, antecipadamente, com mais inteligência, vontade
política e determinação? E a sociedade organizada, as Igrejas, a Maçonaria, as
ONGs, a Imprensa, todos os que se manifestaram pelas cheias do Sul e Sudeste? O
jeito é apelar à poesia e a grandeza do padrinho dos nordestinos, o mestre Luíz
Gonzaga: “Seu doutô os nordestino têm
muita gratidão / Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão / Mas doutô uma
esmola a um homem qui é são / Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão / É
por isso que pidimo proteção a vosmicê / Home pur nóis escuído para as rédias
do pudê / Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê / Veja bem, quase a
metade do Brasil tá sem cume / Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
/ Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage / Livre assim nóis da ismola,
que no fim dessa estiage / Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage / Se
o doutô fizer assim salva o povo do sertão / Quando um dia a chuva vim, que
riqueza pra nação! / Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão /
Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos”
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